RIO – A tecnologia e a inovação digital trazem cada vez mais novidades para o mundo dos esportes e prometem criar possibilidades ilimitadas para a modalidade, que vão desde melhorias na performance até mais acesso e interatividade para os espectadores. Essas novidades e a dificuldade de promover inovação no esporte no Brasil foram o tema do terceiro painel do Rio Circuitos Digitais, nesta quarta-feira.

O editor do GLOBO Márvio dos Anjos esteve à frente da conversa que contou ainda com a participação de Maureen Flores, colunista do GLOBO, e Rosana Fortes, gerente de marca do Nike Running Club (NRC). O evento Rio Circuitos Digitais é uma realização do jornal O GLOBO, apresentado pelo Sistema Fecomércio RJ, por meio do Sesc RJ e do Senac RJ.

A inovação no esporte, segundo Maureen, acontece em três meios: através da performance, que se aproxima da saúde e da prática de exercício; do engajamento, que faz fronteira com o entretenimento, a indústria mais milionária; e da integralidade no esporte, que se relaciona com o anti-dopping. Para ela, a falta de políticas públicas integradas e de investimento em formação tecnológica são as maiores dificuldades para a inovação esportiva no país.

— O Brasil tem muita dificuldade na conversa entre academia e mercado. Enquanto os dois não andarem de mãos dadas, vamos continuar tendo muitos problemas. Não temos grandes empresas brasileiras predadoras no esporte e para inovar é preciso conhecimento, Phd, matemática e muita engenharia da computação. Nós somos ainda um país com sete anos de escolaridade média — disse.

Durante o painel, Maurren destacou algumas tecnologias que pautam a inovação do esporte, como a realidade virtual aumentada, big data, inteligência artificial e empresas de equipamento esportivo, que têm sensores para tudo.

— Estamos sendo monitorados 24 horas por dia por essas empresas e a próxima discussão que vamos ter é a quem pertencem todos esses dados. Não há jurisprudência para isso —disse.

A colunista também citou a transmissão automatizada de eventos esportivos e a experiência virtual aumentada como algumas das tendências em inovação que podem ser esperadas.

— Com a transmissão automatizada, você muda o modelo de negócio do transmissor de conteúdo. O custo de produção é reduzido drasticamente e surgem muitas oportunidades. Já a experiência virtual aumentada é possível tecnicamente, mas o delay ainda é grande. Superando essa limitação, será possível viabilizar. — contou.

A tecnologia também pode ser uma grande aliada na hora de potencializar a prática de exercícios físicos. Rosana Fortes mostrou como o aplicativo Nike Running Club (NRC) é um aliado de quem quer introduzir a corrida na rotina, permitindo a convergência entre o mundo real e virtual através da interação com o NRC e com as atividades presenciais promovidas pela marca.

— Há um tempo a gente achava que podia concorrer com as empresas de tecnologia, mas a Nike teve a grande sacada de que nada mais inteligente do que se unir a essas grandes empresas. Hoje temos aplicativo dentro do Apple Watch e temos sincronia com outros produtos usados por corredores e que as pessoas achavam que eram concorrentes da Nike — contou.

Rosana também falou sobre a importância de reconhecer os consumidores mais engajados no aplicativo. Uma das práticas adotadas pela Nike, segundo ela, é a promoção de experiências únicas com a marca através de eventos especiais para esse público.

— Você forma uma super base digital, mas como a empresa se relaciona com essa base? Esse é o desafio. O resultado é que hoje temos a maior comunidade de corrida do mundo e continuamos recrutando pessoas para correr com a gente.