Índice americano derrubou a bolsa brasileira; apesar de semelhanças, bolha que ocorreu há 20 anos apresentava um contexto muito diferente do atual.
Apesar das boas notícias no mercado nacional, o Ibovespa fechou em queda de 1,17%, a 100.721,36 pontos, derrubado pelas bolsas americanas. Em dia de venda de papéis, a Nasdaq, a bolsa que reúne as empresas de tecnologia nos EUA, fechou em baixa de 4,96%, a 11.458,10 pontos. O S&P 500, por sua vez, teve o pior dia desde junho e fechou em baixa de 3,51%, a 3.455,06 pontos. “Os índices de ações americanos tiveram altas fortes nas últimas sessões, com Nasdaq e S&P 500 renovando as máximas históricas. O mercado brasileiro acabou realizando lucros em um movimento que acompanha as ações americanas”, diz Paloma Brum, analista da Toro Investimentos.
Com a apresentação da reforma administrativa pelo Ministério da Economia, que promete aliviar a sensível situação fiscal do país, o Ibovespa chegou a ultrapassar os 103 mil pontos na manhã dessa quinta-feira, 3, ,as recebeu um balde de água fria com as notícias do cenário internacional. Essa volatilidade, no entanto, já era prevista pelos especialistas, tanto porque a reforma ainda percorrerá um longo caminho de aprovações quanto porque o cenário ainda é instável para o mercado financeiro. Até a aprovação de uma vacina e a volta da normalidade da economia, o sobe e desce das bolsas deve continuar, já o dólar refletiu o destravamento da agenda liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, e fechou em queda de 1,24%, a 5,2915 reais.
Apesar de a justificativa da baixa de hoje nos papeis das Big Techs ser a realização de lucros, algumas especialistas chamam a atenção para o risco de um crescimento demasiado nas ações desras empresas. “As sucessivas subidas no Nasdaq e no S&P 500 indicam uma grande bolha, que em algum momento vai estourar, mas é dessa maneira que o mercado funciona. Isso talvez aconteça na eleição americana, se ela for muito acirrada e o Trump perder, o que pode se reverter em um aumento de impostos”, diz Alexandre Espírito Santo, economista da Órama Investimentos, que chamou a atenção para a recente saída da Exxon e da Pfizer do índice S&P 500 para dar lugar a empresas que oferecem serviços digitais. “A Tesla está valendo mais que o Wal Mart, e a Apple mais que o PIB brasileiro. Será que isso faz sentido a médio prazo? Fiz essas perguntas em 1998 e 1999 e no início do século houve o estouro da bolha. Na época o que eu mais ouvia era que estava acontecendo uma mudança de paradigma”, diz ele.